Unifesp em Itaquera Do sonho à realidade do abandono

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Entraves políticos e falta e repasses de verbas do Governo Federal emperram o sonho de cerca de quatro milhões de habitantes do ‘pais’ chamado Zona Leste.
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A Zona Leste tem uma população equivalente ao Uruguai, porém historicamente sempre sofreu com o abandono, sendo relegada a planos inferiores nos mais diversos setores: da moradia a educação e geração de empregos. Itaquera sonha a décadas com um Pólo Industrial, como forma clara do bairro deixar de ser ‘dormitório’, mas o que existe hoje em termos de indústrias é muito pouco, se comparado ao que foi planejado no final dos anos 80.

No início dos anos 2000 a região voltaria a sonhar, com uma informação que empolgou estudantes, moradores e lideres sociais da Zona Leste, que passaria a ter um campus da Unifesp – Universidade Federal de São Paulo. Seria construído no imóvel que abrigou um dia uma das maiores indústrias da região, mas que sucumbiu à falência no final do século 20.

Tudo gerou muita empolgação, o imóvel de 173 mil metros2 em localização privilegiada, na avenida Jacu Pêssego, proporcionaria fácil acesso para os estudantes de toda a zona leste. Sediaria oito cursos superiores em uma estrutura já existente, sendo necessários alguns ajustes e pouca obra a ser realizada. Mas o sonho esbarrou na burocracia, em entraves ideológicos e brigas políticas.  Hoje o que se vê no local é um grande terreno abandonado com uma guarita com um funcionário que quase monossilábico somente informa: ‘só na internet, só na internet’, quando perguntado pela reportagem se no local havia alguém para dar informações sobre os cursos da universidade.

Enquanto o Governo Federal esbarra em atos de mais absoluto populismo, a real efetivação do campus da Unifesp em Itaquera patina e tudo continua a ser um sonho da região. A reportagem do Fato Paulista apurou junto a Pró-reitora de Planejamento da Unifesp que ‘as maiores dificuldades encontradas são as fortes restrições e cortes orçamentários realizados pelo Governo Federal, que impedem a realização de maiores investimentos e início de obras planejadas para o Campus’.

 

Vale destacar que a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) inaugurou em 01 de julho de 2015 o primeiro edifício do Campus Zona Leste, com cerca de 800 m² e dois pavimentos, mediante apoio e recursos da parceria com a Prefeitura de São Paulo, para abrigar atividades de extensão e cultura, considerado o primeiro passo para a implantação do futuro Instituto das Cidades.

Denominado de Edifício de Extensão, passou por reforma no primeiro semestre de 2020, para a ampliação do espaço da biblioteca, criação de salas de aulas, secretaria acadêmica e instalação de plataforma elevatória, para adequá-lo às necessidade acadêmicas e administrativas dos primeiros cursos de graduação do Campus Zona Leste, o Curso de Geografia, grau bacharelado e licenciatura, aprovado pela Conselho Universitário (Consu) em 09/10/2019.

Apesar do aparente abandono a reitoria informa que a Universidade continua em obras com a reforma de outro edifício que passará abrigar refeitório, novas salas de aulas, auditório, instalações sanitárias e ampliação da área de convivência que ligará estes dois edifícios.

A Reitoria informa ainda que a Prefeitura paulistana colaborou em parceria com a Universidade para a reforma do Edifício de Extensão, o que possibilitou o início das atividade acadêmicas neste Campus, porém desde então a Prefeitura não sinalizou a pactuação de novos compromissos financeiros junto a Universidade, mas tem colaborado com ações de manutenção no campus.

Apesar de quase R$ 1,8 milhão em emendas parlamentares destinadas para a conclusão das obras em andamento, o recurso financeiro ainda não foi liberado efetivamente. Sem dúvida uma mostra clara que ‘picuinhas’ políticas podem sim estar emperrando o sonho da Unifesp Itaquera se tornar de fato uma realidade

Ainda na toada do ‘pouco comprometimento’ do Governo Federal para com a Educação do extremo leste, a reitoria informou ao Fato Paulista que ‘nos últimos anos, os recursos de investimentos foram afetados drasticamente. Houve redução de mais de 77% dos recursos de investimento, impactando diretamente a continuidade e consolidação das obras de infraestrutura do Campus’.

Vale ressaltar que o Campus Itaquera da Unifesp possui atualmente três cursos de graduação: ABI Geografia, Geografia Bacharelado e Geografia Licenciatura, oferecendo 60 vagas de ingresso anualmente. No momento, há 113 estudantes matriculados na graduação.

Com relação aos cursos de extensão, há 13 cursos cadastrados e em andamento e 53 atividades culturais ou eventos científicos realizados no Campus até o mês de dezembro de 2020.

O Projeto Político Pedagógico do Instituto das Cidades prevê 8 cursos. São eles: Administração pública, Arquitetura e urbanismo, Design. Engenharia ambiental e sanitária, Engenharia civil. Engenharia de mobilidade e transportes, Geografia e Turismo

Até o final da vigência do PDI 2021-2025 estão previstos mais 540 vagas de ingressantes distribuídas nos cursos de graduação, considerando os 5 deles já pactuados no MEC e aprovados no CONSU: Geografia noturno – bacharelado e licenciatura; Arquitetura e urbanismo, Engenharia Civil, Administração Pública e Engenharia ambiental e sanitária. Ainda existem cursos que necessitam pactuação do MEC que gerarão mais 300 vagas. Portanto, incluindo todos os cursos, os em andamento e os futuros, o campus terá em torno de 900 vagas de ingressantes por ano.

 

 

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