Está em liberdade, mas cumpriu a sua pena de 10 anos de reclusão em três presídios: Penitenciária da Capital, CDP de Franco da Rocha e Penitenciária do Estado.
Diarista, confeiteira, ativista social e mãe, esta é Debora Antunes que sobreviveu ao cárcere e hoje segue uma rotina de trabalhos sociais e ações de reinserção na sociedade de outras mulheres, que como ela, são egressas do sistema.
Hoje ela integra a CUFA (Central Única das Favelas – atuando no complexo de favelas do Jardim João XXIII, zona oeste da cidade. Participa também da Associação Por Nós, que é uma instituição notabilizada em apoiar aquelas que já cumpriram suas penas e estão em liberdade, mas muitas vezes, sem perspectivas. ‘As pessoas quando voltam à liberdade não é fácil, pois lhes faltam oportunidades e apoio’, comenta.
Débora Antunes conta que a Associação Por Nós surgiu quando algumas mulheres que haviam sido libertadas se reuniram para conversar sobre as dificuldades que viveram atrás das grades e o que estaria por vir, na liberdade. ‘Do lado de fora as dificuldades continuam devido ao preconceito, por isso temos que ter foco e determinação para atingirmos a liberdade plena, que é uma vida sem preconceito, sem as amarras da sociedade e com perspectiva de vida e, sobretudo, sonhos para serem realizados’, destaca.
‘Para alcançarmos uma vida digna precisamos de moradia, educação, formação profissional e intelectual, além de acesso a lazer e cultura. É um conjunto de ações que precisamos ter, não somente os egressos, mas qualquer cidadão’, explica e completa: ‘e também não podemos nos esquecer das nossas irmãs que ainda estão encarceradas’.
Ela relata que nos últimos 15 anos a população carcerária feminina teve um aumento de 780%, saltando de 5.400 mulheres para cerca de 43 mil. ‘E olha que não somos nem 10% do número de homens, mas mesmo assim somos uma das maiores massas carcerárias do planeta’, informa.
Nesta pandemia ela está diretamente ligada a distribuição de cestas básicas e kits de higiene e faz questão de destacar o trabalho dos dirigentes da CUFA e as diretoras fundadoras da Por Nós. ‘São abençoadas e engajadas pelo bem estar das pessoas. Todos os dias aprendo muito com elas’, finaliza.