No dicionário, maquiavélico é sinônimo de ardiloso, astuto, velhaco. E, ainda, falso, desleal, pérfido. “Nada mais distante do comportamento do verdadeiro Nicolau Maquiavel“, diz o escritor, jornalista e cineasta José Paulo Lanyi.
Seu texto “Maquiavel– O homem por trás do mal”, que foi publicado na Amazon, foi apresentado ao público pela primeira vez em uma leitura dramática realizada no dia 17 de julho na Academia William Shakespeare, no centro histórico de São Paulo. A apresentação foi seguida de um debate sobre a peça e seus personagens. O espaço da Academia fica no edifício-sede da Associação Paulista de Imprensa, que também apoiou o evento.
A leitura foi dirigida por Lanyi, que também interpretou os diálogos junto aos atores Elias Karabolad, Miriam Ramos, Nanda Nunes, Sérgio Thales e Vitor Colli.
“Maquiavel tinha o hábito de falar a verdade aos seus contemporâneos e muitas vezes se deixava prejudicar por isso”, explica o dramaturgo. “Fracassou inúmeras vezes e tinha a fama de ser uma pessoa incômoda, por apontar as falhas dos senhores da sua cidade”.
O texto de Lanyi percorre os dias em que o pensador foi obrigado a se afastar da vida pública. Maquiavel enfrentou a dor junto à sua esposa Marietta Corsini e aos seus filhos em meio a afazeres rurais que se arrastavam no cotidiano da propriedade da família em San Casciano in Val di Pesa, a menos de vinte quilômetros de Florença.
Foi um período permeado pela rejeição, no chamado “exílio” de Maquiavel, mas que seria eternizado pela escrita de “O Príncipe”, tratado realista que para muitos marcou o nascimento da ciência política e que carimbou, por suas ideias por vezes cruéis, a má fama que persegue o seu autor até os dias de hoje, apesar da releitura histórico-biográfica que aponta para um Nicolau honesto e cheio de boas intenções. Um Maquiavel diferente daquele que muitos acham que conhecem.
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“Maquiavel, um grande gênio do bem ou do mal?”. Com essa pergunta o presidente da Associação Paulista de Imprensa, Sérgio de Azevedo Redó, que também é chanceler arauto da Academia William Shakespeare, sintetiza o dilema que desafia o pensamento de muitos intérpretes do pensador italiano.
“O 1° Ciclo de Leituras Dramáticas da Academia William Shakespeare e Cia dos 13 é um bom networking para profissionais desse metiê”, afirma o diretor geral de Artes e Cultura da academia, Sérgio Thales. “Estimula-se o debate e o desejável ‘grand finale’ com a materialização das peças nos palcos. Há a troca de impressões, a vitrine, e novas possibilidades podem surgir”, explica.
