Peça recebeu o prêmio Shell RJ de Melhor Ator (Otto Jr.) e foi indicada ao Prêmio Cesgranrio de Melhor Direção e Melhor Ator (Robson Torinni). Espetáculo também participou do Festival de Avignon, em julho, um dos eventos de teatro mais importantes do mundo
Ao retratar a instigante relação entre um jovem parricida e um dramaturgo interessado em escrever a história de seu crime, o espetáculo “Tebas Land” conquistou o público brasileiro desde a sua estreia, em 2018, ganhando várias temporadas no país até a chegada da pandemia. Em 2024, a premiada autoficção, escrita pelo uruguaio Sergio Blanco e dirigida por Victor Garcia Peralta, volta a realizar uma temporada, agora no Teatro Vivo, do dia 15 de abril ao dia 23 de julho, terças e quartas sempre às 20h.
Espetáculo também participou do Festival de Avignon, em julho, um dos eventos de teatro mais importantes do mundo. Em cena, estão novamente os atores Otto Jr. e Robson Torinni, que ganharam elogios de espectadores e críticos pelo trabalho. A peça venceu os prêmios Shell RJ de Melhor Ator (Otto Jr.) e Botequim Cultural de Melhor Espetáculo, Melhor Direção e Melhor Ator (Robson Torinni). Também foi indicado ao Botequim Cultural de Melhor Ator (Otto Jr.) e Cesgranrio de Melhor Direção e Melhor Ator (Robson Torinni).
Inspirado no mito do Édipo e na vida de São Martinho de Tours, santo europeu do século IV, o espetáculo também revisita textos que abordam o tema da paternidade, como “Os Irmãos Karamazov”, de Dostoievski; “Um Parricida”, de Maupassant; e “Dostoievski e o Parricídio”, de Freud. O cenário reproduz a quadra de basquete de uma prisão, onde ocorrem os encontros quase documentais entre os dois personagens, duas pessoas de mundos completamente distintos. Começa, então, uma peça dentro da peça, com Robson Torinni na pele tanto do jovem assassino quanto do ator que o representa. Com esse jogo de metalinguagem, a peça propõe uma reflexão sobre construção da dramaturgia, o universo teatral e os limites entre ficção e realidade.
“O texto nos cativou pelos dois diferentes planos, razão e emoção, e pelo processo criativo imbuído neles, em que a dramaturgia é construída durante a ação da peça, oscilando, quase que paralelamente, entre a discussão do fato ocorrido e a construção do texto da peça que será baseada no crime”, conta Victor Garcia Peralta, idealizador do projeto junto com Robson Torinni. “Tivemos que parar o espetáculo, com plateias lotadas, no começo da pandemia. E é com muita alegria que voltamos com esse texto, que ganhou adaptações premiadas em uma série de países”, celebra Torinni.
Com sensibilidade e inteligência, o autor uruguaio Sergio Blanco expõe temas como a importância da paternidade, falta de afeto, solidão, famílias disfuncionais e falência dos sistemas prisionais. Como de praxe nas dramaturgias do autor, a peça nos faz refletir sobre problemas sociais. “Tebas Land” também nos alerta sobre as consequências dos abusos (físicos, sexuais e psicológicos) sofridos na infância, que perduram durante a vida toda das vítimas. No Brasil, um estudo revelou que, apenas no primeiro semestre de 2022, 84% das violações contra crianças de até 6 anos foram cometidas por familiares. Essas agressões têm impacto negativo a curto, médio e longo prazo na saúde física e mental das vítimas e em suas práticas parentais futuras.
“A peça aborda uma questão que muito nos toca: as ligações com os pais. Nem todos podemos ser pais, mas todos somos filhos e, portanto, todos temos a experiência da descendência. É também um trabalho sobre a dinâmica do que é a engenharia da construção de uma peça, como o texto pode ser escrito”, define o dramaturgo Sergio Blanco.
Sobre Sergio Blanco
Dramaturgo e diretor franco-uruguaio, Sergio Blanco passou sua juventude em Montevidéu e vive atualmente em Paris. Após estudar filologia clássica, decidiu se dedicar à escrita e à direção. Suas peças foram premiadas com diversos prêmios, entre os quais o Prêmio Nacional de Arte Dramática do Uruguai, o Prêmio Internacional Casa de las Américas, o Prêmio de Melhor Texto nos Theatre Awards na Grécia, além de prêmios no Off West End Theatre Awards em 2017 e 2021. Entre seus textos mais conhecidos, destacam-se, Barbárie, Kassandra, O salto de Darwin, Tebas Land, Óstia, A ira de Narciso, O bramido de Düsseldorf, Quando passar sobre minha tumba (programada para o 74º Festival de Avignon) e Tráfico. Em 2022, ele estreou Zoo no Piccolo Teatro de Milão e, no ano seguinte, dirigiu sua última peça, Tierra, que estará em turnê pela América do Sul e Europa no final de 2024. Seus espetáculos participaram de grandes festivais internacionais e seus textos, traduzidos e publicados em uma dezena de idiomas, foram montados em todos os continentes, tornando-o um dos dramaturgos contemporâneos de língua espanhola mais representados atualmente.
Sobre Victor Garcia Peralta
Formado no Piccolo Teatro di Milano sob a direção de Giorgio Strehler. Trabalhou em Buenos Aires como ator e diretor em diversos espetáculos. No Brasil, dirigiu o sucesso de público “Os homens são de Marte… E é para lá que eu vou!” (com Mônica Martelli). Também foi responsável pela direção dos espetáculos “Não sou feliz, mas tenho marido” (com Zezé Polessa), “Decadência” (de Steven Berkoff, com Beth Goulart e Guilherme Leme), “Tudo que eu queria dizer” (de Martha Medeiros, com Ana Beatriz Nogueira) e “Quem tem medo de Virginia Woolf?” (de Edward Albee, com Zezé Polessa), “A Sala Laranja: no Jardim de infância” (Victoria Hladilo), “Tebas Land” (Sergio Blanco), pelo qual recebeu o prêmio de melhor direção pelo Botequim Cultural. Na televisão, dirigiu “Alucinadas” (Multishow) e “Gente lesa” (GNT).
Sobre Otto Jr
Ator mineiro com carreira construída no Rio de Janeiro. No teatro, ganhou o Prêmio Shell 2019 de melhor ator pela peça “Tebas Land”, de Sergio Blanco, direção de Victor Garcia Peralta, e o Prêmio APTR 2017 de melhor ator por “Amor em dois atos”, de Pascal Rambert, direção de Luiz Felipe Reis. Atuou em mais de 30 peças, com diretores como Irmãos Guimarães, Paulo de Moraes, Miwa Yanagizawa, Zé Henrique de Paula, Bel Garcia, Bruce Gomlevsky, Daniela Amorim, Ivan Sugahara, José Possi Neto. Na CiaTeatroAutônomo, sob a direção de Jefferson Miranda, além de ator, foi co-criador, junto com os demais integrantes da Cia, de espetáculos como o premiado “Deve Haver Algum Sentido Em Mim Que Basta”, ganhador em 2005 do Prêmio APCA de “Melhor Espetáculo”. No audiovisual, protagonizou o longa “Desterro”, de Maria Clara Escobar, que estreou na mostra competitiva do Festival Internacional de Rotterdam 2020, além de séries como “Todo dia a mesma noite” (Netflix) e Arcanjo Renegado (Globoplay), cuja terceira temporada será exibida em 2024.
Sobre Robson Torinni
Participou de alguns trabalhos no cinema, teatro e televisão. Iniciou sua trajetória na Escola de Atores Globe-SP e Oficina de Atores da Rede Globo. Formou-se como Bacharel em teatro no Rio de Janeiro e sua primeira produção foi “A Sala Laranja”, seguida pelo premiado espetáculo “Tebas Land, que lhe rendeu o prêmio Botequim Cultural de Melhor Ator e duas indicações a Melhor Ator pelo Prêmio Cesgranrio e pelo Prêmio Cenym. Idealizou o monólogo “Tráfico”, em que interpreta um garoto de programa que se torna um matador de aluguel. A peça lhe rendeu duas indicações pelo Prêmio APTR e Prêmio Cesgranrio como Melhor Ator.
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Ficha técnica espetáculo Tebas Land
Autor: Sergio Blanco
Tradutor: Esteban Campanela, Robson Torinni e Victor Garcia Peralta
Direção: Victor Garcia Peralta
Atores: Otto Jr. e Robson Torinni
Cenógrafo: José Baltazar
Iluminador: Maneco Quinderé
Figurino: Criação coletiva
Trilha sonora: Marcello H
Operador de luz: Rodrigo Lopes
Operador de som: Rodrigo Pinho
Assessoria de imprensa: Pombo Correio
Designer Gráfico: Alexandre de Castro
Fotografia: Rodrigo Lopes e billnog.biz
Direção de produção: Sérgio Saboya e Silvio Batistela
Produção: Galharufa Produções Culturais
Produção executiva: João Eizô Y Saboya
Realização: REG’S Produções Artísticas
Idealização: Robson Torinni e Victor Garcia Peralta
Serviço:
Espetáculo “Tebas Land”
Dias e horários: 15 de abril a 23 de julho. Terças e quartas, 20h.
Telefone: 011 3279-1520
Ingressos: R$ 120,00 inteira / R$ 60,00 meia
Lotação: 274 lugares
Duração: 1h40 minutos
Classificação: 16 anos
Venda de ingressos: TEBAS LAND em São Paulo – Sympla