Análise – TIRO, PORRADA E BOMBA no Debate da Band

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Debate da Band revive momentos históricos e agrada saudosistas
Debate da Band
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Por Luiz Mário Romero

09/08/2024 – O debate da Band transmitido ontem pela TV e Rádio Bandeirantes entre os candidatos a prefeito de São Paulo agradou o telespectadores saudosistas que – com certeza – lembraram os debates históricos das décadas de 80 e 90.

 

Para aqueles que durante algum tempo acreditaram que as regras dos debates engessavam os candidatos e consequente transformavam a “atração” em uma sabatina de perguntas e respostas, ontem no debate da Band viram que “não é bem assim”.

 

A frase “tiro, porrada e bomba” pode resumir bem o que foi o debate da Band de ontem. Acusações e insultos deram o tom, que podem sim terminar nos Tribunais de Justiça. Entre os cinco candidatos, o destaque positivo foi o atual prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, que se mostrou equilibrado, apresentando propostas e respondendo com firmeza – porém sem baixar o nível – a cada acusação que lhe foi imputada. Há quem diga que Ricardo Nunes foi o grande vencedor.

 

O candidato psolista, Guilherme Boulos tentou mostrar equilíbrio e apresentar propostas, poderia ter sido apontado como vencedor também, se não encontrasse em seu caminho Pablo Marçal e o jornalista José Luiz Datena. Com gestos, o candidato do PRTB insinuou hábitos nada ortodoxos por parte do candidato apoiado pelo PT. Provavelmente mais um processo está a caminho do TJ.

 

O coach Pablo Marçal – ganhou notoriedade – com conselhos empresariais, cafés da manhã servidos a incautos empreendedores em troca de alguns milhares de reais, além de palestras, participações em stand comedys, sem contar as aventuras, como lutar com tubarão e assumir o comando de um jato em pleno voo, depois do piloto ter um mal súbito. Além da riqueza que gosta de ostentar, em seu currículo Marçal também tem o episódio quando levou um grupo de pessoas, sem equipamentos de segurança ao topo montanha na Serra da Mantiqueira.

 

Marçal falou muito em levar aulas de empreendedorismo para a Rede Municipal de Ensino, disse também que pretende incentivar a abertura de pequenas empresas em comunidades e bairros carentes e por fim falou de seus “milhões” e suas dezenas de empresas nos mais diversos segmentos. Ao melhor estilo “bateu levou” vinha indo bem, foi quando falou em criar teleféricos como meio de transporte, sem paradas em estações. Vale lembrar que o fundador do seu partido, Levy Fidelix perdeu sucessivas eleições com o projeto do aero trem. Virou folclore.

 

A jornalista e radialista Soninha Francine disputou algumas eleições, ganhou destaque, foi vereadora, ocupou cargos de relevância na máquina pública e passou por diversos partidos. Na politica nunca ganhou a simpatia do grande público, justamente por tentar passar a imagem de “papo cabeça” e de bem com a vida. A candidata do PSB, a deputada Tabata Amaral foi uma “Soninha Francine” repaginada. Mais do mesmo e não convenceu, provavelmente, nem os caciques do seu partido, Geraldo Alckmin e Márcio França.

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Mas a “cereja do bolo”, que lembrou Armando Correa, Rivalde Ovídio, Marronzinho e os acalorados debates dos anos 80/90 , foi mesmo o jornalista José Luis Datena, que disparou acusações, interrompeu oponentes, gerou direitos de resposta e não poupou nem o mediador Eduardo Oinegue, o interrompendo também.

 

Gaguejando, não concluindo frases, por pouco não caiu no ridículo, em meio acusações ao prefeito Ricardo Nunes, falou até de um “parque criminoso” sem apresentar dados e informações. Com certeza não deve ter dado ouvidos a orientações de sua assessoria e tampouco do seu candidato a vice, José Anibal, fundador do PSDB, que já foi deputado federal, senador e secretário de Estado. Estourou o tempo por diversas vezes e não conseguiu concluir perguntas. Não apresentou sequer uma proposta, nem mesmo ligada ao futebol, onde iniciou a carreira como ótimo repórter de campo. Lançado candidato como puxador de votos, Datena pode ter jogado “água no chope” na ânsia do tucanato em voltar a ter uma bancada de vereadores no legislativo paulistano. O tiro pode ter saído pela culatra.

 

Mas no espetáculo ‘dateniano”  melhor  ainda estava por vir. Sentindo-se confortável com os ataques do jornalista ao prefeito Ricardo Nunes, o candidato Boulos tentou ensaiar uma tabelinha de ataques, mas se deu mal. “Você deveria ser prefeito em Caracas”, disparou Datena, entre outras comparando o psolista a um boneco de ventríloquo do presidente Lula. Provavelmente o jornalista não esqueceu quando foi filmado na casa do Boulos, em um ingênuo bate papo regado a vinho. Neste vídeo Boulos apenas ouve, enquanto Datena sugere que o “professor/psicanalista” rompesse com Lula e o lançasse como seu vice.

 

E que venham as novas pesquisas de opinião e novos debates para o entretenimento do telespectador.

 

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