Um clube que orgulha os itaquerenses e também aqueles moradores de bairros vizinhos que vêem no Elite o ‘centro de tudo’, desde os eventos no ginásio, grandes shows, as chamadas domingueiras, as formaturas, os carnavais, além na tradição no futebol, desde de campo até o futsal. O Fato Paulista ouviu o presidente Natale Fraguglia e demais diretores e conselheiros sobre o centenário eliteano.
‘Não é para qualquer entidade chegar aos 100 anos, partimos do primeiro presidente José Salomão, depois só veio crescendo o número de pessoas trabalhando em prol do clube, sempre querendo o bem. São gerações e gerações de itaquerenses, construindo o Elite’, comenta o presidente Natale em tom de agradecimento e nítida emoção.
Ele destaca que são mais de 6 mil M2 de clube e afirma que nesta gestão, ‘resolvemos dar uma reforma geral no clube para marcar as comemorações dos 100 anos’. Lamenta pela pandemia da Covid 19. ‘Está atrapalhando um pouco, pois pretendíamos já iniciar o ano com eventos comemorativos’, ressalta.
Como sempre , o presidente Natale Fraguglia faz questão de destacar a importância da população itaquerense no crescimento e na história do clube. ‘Sem os itaquerenses o clube não seria nada, todos que aqui passaram deixaram as suas contribuições, deixando tudo isso que temos aqui e estamos administrando’, destaca.
Na atual gestão, para marcar os 100 anos, o tradicional Salão Social com capacidade para 1000 pessoas, foi totalmente reformado, desde o palco, banheiros , bar e recebeu todo um tom de modernidade, mas sem perder o glamour que marcou gerações. Este espaço é locado para eventos em geral como casamentos, shows, aniversários e também é utilizado para os tradicionais eventos promovidos pelo próprio clube. O clube também conta com um salão/buffet recém construídos para eventos até 200 pessoas. Vale destacar ainda o ginásio de esportes, onde é praticado o futsal e com a escolinha que revela talentos desta modalidade. Tem também o complexo de quadras de futebol society, que conta com bar e amplo espaço de convivência.
Outra marca deste centenário é a reforma e completa modernização da piscina que foi inaugurada há exatos 50 anos, em 1972. Recebeu o chamado deck molhado e iluminação e tem uma profundidade entre 1 m e 1,5m. Um novo espaço de 350 m2 está sendo construído para abrigar salão de jogos com mesas de pebolim, tênis de mesas e mesas oficiais de snoker, estilo inglês. ‘Estamos em conjunto com a diretoria e conselheiros, planejando uma área gourmet com churrasqueiras para que as famílias possam aqui passar o dia’, finalizou o presidente eliteano, que pretende ainda promover um grande evento para marcar os 100 anos do clube, ele não adiantou detalhes.
História eliteanas contadas por diretores e conselheiros
O presidente do Conselho Deliberativo do Elite, Helinho Fraguglia Mussolino tem uma história, talvez a mais antiga das histórias de relação com o clube. Nascido em 1962, ele conta que nesta época seus pais e seus avós já eram sócios do Elite. Ex atleta do clube no futebol ele conta que uma das grandes lembranças foi a conquista do vice campeonato paulista de Futsal, nos anos 80, atuando como ala. Na mesma década o clube sagrou-se campeão de futebol de campo no Concordia de Poá e Helinho estava lá, atuando de lateral esquerdo. Outro feito histórico que ele lembra com saudades foram as Eliteadas, nos moldes das Olimpíadas quando equipes de diversas modalidades do clube disputavam entre si.
O advogado José Faustino Júnior conselheiro deliberativo do Elite tem mais de 35 anos de clube. Lembra que foi convidado por Dario Barone para fazer parte do departamento social que tinha dois diretores sociais, e 10 subdiretores. ‘No social tinha muitas atrações e shows, pois éramos o único salão que representava Itaquera’, lembra.
‘Existe uma injustiça história, pois muita gente confunde o Elite com a Elite, o que não tem nada a ver. Em 1922 havia um time de futebol fundado pelo seu José Salomão que depois viria a ser o primeiro presidente. Ele era mascate vendendo roupas’, conta e completa: ‘ Tinha muita afinidade com o pessoal do Bom Retiro e pediu um fardamento emprestado, e quem emprestou foi uma empresa chamada Tecelaria Elite. Em homenagem ao dono da fábrica o Salomão resolveu chamar o time de Elite Itaquerense, portanto não tem nada a ver com Elite, de elitizado’, destaca.
‘Sofremos durante muitos anos uma espécie de estigma que somos uma elite o que não tem nada a ver, somos simples, somos povo, mas sofremos uma injustiça histórica. Não existe clube mais prestativo mais próximo da comunidade que promove mais ações sociais que o Elite, por isso não podemos sofrer com este estigma que somos elitizados’, finaliza.
O diretor financeiro do Elite, Luiz Carlos Silva afirma com muito orgulho conhecer muito bem a história do clube, afinal são 50 anos de Elite. ‘É um clube que faz bem para todos nós, para nossa família . Sou feliz por estar no Elite. A maior lembrança, o que mais me marcou foi ter trazido a minha família para seio eliteano ‘, destaca. Como grandes marcas na história ressalta os grandes carnavais que lotavam o ginásio poliesportivo.
Oriundo de uma das famílias mais tradicionais de Itaquera, o conselheiro Eldo Reis conta que a sua vida está praticamente toda dentro do Elite, pois segundo destacou são mais de 50 anos convivendo no clube. ‘Tudo aqui me marcou muito, desde o futebol, as domingueiras, os carnavais e os bailes de debutantes. O Elite faz parte da vida de todos nós itaquerenses. O meu sábado é aqui e domingo no Falcão do Morro’, comenta.
Outros ‘cincoentão’ que tem a maior parte da vida dentro do clube é o diretor Artur Toccacelli. ‘Sempre participei, quando criança eu brincava e jogava bola no clube, fiquei uns anos fora de São Paulo, mas quando voltei , voltei a participar também do Elite’, destaca. Ele conta com uma nítida ponta de emoção o que as domingueiras representavam para os jovens da região. ‘Era um compromisso que tínhamos todo os domingos, para os jovens da época era uma noite de gala, aquele dia que engraxávamos o sapato e caprichávamos do polimento’, conta desferindo um sorriso , como se no tempo estivesse viajando. Lembra com muitas saudades também dos carnavais animados por Wilson e Sua Orquestra e como feito marcante na própria história com o Elite lembra de um dos carnavais nos anos 80, quando ganhou o troféu de melhor bloco nas quatro noites e três matinês. ‘Hoje estou na diretoria graças ao convite do meu irmãozinho de Maçonaria, o nosso presidente Natale, tenho muito orgulho de estar participando deste momento histórico de Itaquera que é a comemoração dos 100 anos do Elite’, finaliza.
Outro diretor com uma relação de muito amor com o clube, é Marco Antonio Salin Ide que também cresceu brincando no clube. Ele é filho de um dos mais apaixonados eliteanos da história, o ex-comerciante Antonio Salin Ide, já falecido. Toninho Salin como era carinhosamente chamado no bairro foi um dos maiores laterais direitos da história do clube, participando de elencos até hoje são reverenciados pelos mais antigos apaixonados pelo futebol de várzea. ‘Estou na diretoria a convite do Natale, nossos pais eram muito amigos. Estamos na diretoria há dois mandatos, todos nós diretores e conselheiros estamos acompanhando as melhorias que estão marcando este centenário. Estamos lutando para manter a tradição e dignificar o legado que nossos antepassados deixaram no clube’, conta.
Como lembrança marcante ele conta ser inesquecível cada domingo, que depois da piscina pedia um bolinho de bacalhau e um guaraná no bar do casal Dona Maria e Libre. ‘É uma reminiscência que me enche de emoção. Eu ainda criança saia da piscina e antes de ir para casa pedia para a dona Maria um bolinho de bacalhau e um guaraná, tanto que até hoje sou muito amigo dos filhos da dona Maria e do inesquecível Libre’, finaliza.
Provavelmente nos dias de hoje ele seja ‘o mais antigo dos antigos eliteanos’. O conselheiro José Casemiro Sanches, o ‘Gogó’ tem muitas histórias para contar, mas ele destaca a evolução do trabalho social do clube e conta como fato que mais lhe marcou foram os bailes de formaturas e debutantes. Ele atuou ao lado de lendários presidentes, como Renato Benevenuto, Norberto Raniere e Dário Barone, mas aponta Barone como o presidente de todos os tempos.
O desbarrancamento da quadra da Escola Estadual Profa. Emília de Paiva Meira foi o inicio da história de amor entre o hoje diretor Genésio Bighetti Boccia e a Sociedade Esportiva Elite Itaquerense. Ele conta que nos anos 70 estudava nesta escola e com a interdição das quadras, as aulas de Educação Física começaram a acontecer no clube. ‘Foi aí que tudo começou, comecei a ficar mais apegado com o clube, já que meu pai já era muito amigo do pai do nosso presidente Natale. Meus amigos já frequentavam e eu comecei a frequentar cada vez mais, aí vieram as domingueiras que era o ponto de encontro dos jovens da região e assim estou aqui até hoje. É muito amor envolvido com este clube. Hoje estou na diretoria a convite do Natale, sou muito grato por isso’, comenta.
Conselheiro com forte atuação no apoio a diretoria, Nicola Tchankoff, está no clube há 25 anos, veio trazido pelo Jordão Correa e pelo ex-presidente Amauri Roldan, ele conta que veio para jogar no time de campo do clube. ‘Ai começou uma história de amor com este clube que não acolheu somente eu , mas muita gente’, conta. Como história pitoresca ele conta as frequentes ‘tirações de sarro’ do trio oriental composto por Tadashi, Kazuo da Avicola Shigobassi e o lendário Gatika. ‘Eles tiravam sarro a cada encontro, a cada jogo, a cada churrasco. São tantas histórias deste 3 que dariam um livro’, conta enquanto enumera várias situações para lá de hilariantes
Ele é um dos diretores, conhece o clube desde 1970 e conta que a primeira namorada conheceu nas lendárias domingueiras. O comerciante Anísio Pereira conta com orgulho que começou frequentar o clube ainda criança e faz questão de destacar que o nome do Elite é apenas o nome do clube. “Somos todos humildes, o Elite é um clube do povo itaquerense’, destacou. Como fato pitoresco ele lembra de uma ‘briga que aconteceu no bar do Seu Libre em 1976’. Ele conta às gargalhadas que foi um ‘tal de cadeira e mesa voando’. ‘Foi uma briga que eu somente via em filme, foi a primeira vez que vi ao vivo. Eu sai correndo num pinote só para casa’, finaliza, arrancando risadas até do jornalista que o entrevistava.