Marcelina nasceu em Roma, em 327, na família dos Ambrosiis, sob o Império de Costantino Magno. Em uma época de profundas mutações culturais, a família de Marcelina era aberta à religião cristã.
Marcelina viveu dias tranquilos em Treviri, mas aos 13 anos, com a morte precoce do pai, voltou para Roma com a família. Antes de fazer 20 anos, ela perdeu também a mãe e ficou com a responsabilidade da educação dos irmãos.
Jovem, bonita, rica e nobre, Marcelina tinha muitos pretendentes, mas decidiu se consagrar a Deus, permanecendo virgem. Na Roma corrupta e pagã, era muito difícil compreender que uma jovem renunciasse à sua fortuna e a um ilustre casamento. O povo não estava acostumado com essas ideias, mas assim mesmo Marcelina confessou isso ao mundo. Para buscar coragem, ela visitava muitas vezes as catacumbas dos cristãos que pereceram pela fé e lá se sentia consolada e compreendida.
Apesar de tudo, a vida de Marcelina acontecia nos palácios dos Césares. Ela poderia tornar-se poderosa, imperatriz, conhecida no mundo e teria uma vida fácil, mas cada vez era mais forte a sua convicção de que deveria se dedicar a Deus. Para levar adiante esse projeto, ela retirou-se para uma vila tranquila, em Cernusco, perto de Milão, e passou a viver em contato com a natureza.
Na noite de Natal de 353, aos 25 anos, Marcelina recebeu das mãos do Papa Libério o véu da consagração total. Sua decisão abalou os habitantes dos palácios e nem mesmo seus amigos conseguiram entender toda a dimensão do que estava acontecendo. Marcelina intensificou a oração e os estudos das Sagradas Escrituras e acolheu em sua casa muitas virgens que queriam orientação para se dedicar a Deus e ao auxílio dos pobres e doentes. Ao mesmo tempo, ela não se descuidava da educação dos irmãos, que assumiram mais tarde cargos públicos.
Em 372, Ambrósio foi eleito governador em Milão e Sátiro foi nomeado para uma prefeitura. Dois anos mais tarde, Ambrósio foi eleito bispo de Milão e levou Marcelina para auxiliá-lo.
A atuação de Ambrósio nos 23 anos de episcopado faz parte da história civil e religiosa de Milão. E Sátiro, que faleceu em 379, sempre trabalhou a seu lado e também na administração dos bens da família.
Para os dois irmãos, Marcelina foi conselheira e mestra, desenvolvendo paralelamente sua vida comunitária com as companheiras virgens. Embora no silêncio de sua vida recolhida, ela desenvolveu um apostolado eclesial, participando das ansiedades e solicitações do Bispo Ambrósio. Ele teve grande estima por ela e propôs o seu exemplo a muitas jovens que eram também chamadas por Deus a uma dedicação total.
Devoção do Povo.
Marcelina trabalhou ao lado do irmão Ambrósio até o final da vida dele, que faleceu em abril de 397. Ela faleceu poucos meses depois, em 17 de julho de 397, sendo sepultada em Milão, na Basílica Santambrosiana.
O povo dedicou-lhe intensa devoção. Na mesma vila onde Marcelina faleceu, em 1838, foi fundada a Congregação das Irmãs Marcelinas, pelo Monsenhor Luís Biraghi. Seguindo o seu exemplo, a Congregação nasceu com a meta de orientar, formar, educar os jovens e todos os que lhe fossem confiados no caminho do amor, ensinando-lhes a palavra de Jesus.
E assim realizaram-se as palavras do Papa Libério: “Muitas jovens te seguirão…”.
Hoje, algumas destas Irmãs administram com esmero e exemplo de qualidade um dos melhores hospitais de nossa cidade, o Santa Marcelina de Itaquera. Um orgulho para a comunidade de nossa região.
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