Ganhar dinheiro com trabalho na Zona Leste e gastar este dinheiro obtido por aqui, gerando assim um ciclo positivo de trabalho e consumo, proporcionando de forma natural o desenvolvimento local”, esta talvez seja a melhor definição para a proposta principal do Projeto Zona Leste Somos Nós promovido pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação do Estado de São Paulo.
O Fato Paulista entrevistou o gestor do projeto, professor José Luiz Portella, que detalhou como a iniciativa foi concebida, o que já foi realizado e o que está por vir. Encarar o Esporte e Cultura como potenciais geradores de renda para a população local, é uma das principais características do Zona Leste Somos Nós.
O gestor explicou que o projeto surgiu já no início da gestão do governador Tarcisio de Freitas, em 2023, através da Secretaria Estadual de Habitação que passou a ser Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação que tem Marcelo Branco como titular da pasta.
Com base em dados estatísticos que 35% da população da cidade está na Zona Leste, mas a mesma região tem apenas 13% dos empregos da cidade e se tirar a região da Subprefeitura da Mooca, que é mais próxima do centro, este percentual cai para ínfimos 6%. Com base nestas informações é que foi concebido o Zona Leste Somos Nós.
“A população da Zona Leste gira em torno de 4,6 milhões de habitantes, se descontarmos aqueles que moram na região da Subprefeitura da Mooca, este número cai para 4 milhões. Agora apenas 6% de empregos para 4 milhões de habitantes, é um acinte”, destacou Portella.
Ele ressaltou que a ideia surge do problema matriz da Zona Leste, que sempre foi uma região de passagem, desde a época dos Indios. “A Zona Leste se tornou uma região de passagem entre as duas cidades mais ricas do País: São Paulo e Rio de Janeiro, mas a riqueza , nunca ficou por lá”, completou.
De forma didática e objetiva Portella explica que o projeto surgiu na ideia de geração de emprego e renda, mas que esta renda fique na região. “Ou seja a pessoa trabalhar lá, ganhar o dinheiro, aumentar a sua renda, mas gastar a sua renda na Zona Leste. Isso é que vai dar o salto de desenvolvimento econômico. Esta é a base do projeto”, professorou.
Vale ressaltar que o Zona Leste Somos Nós visa não somente gerar os empregos tradicionais, mas também gerar empregos de mão de obra qualificada.
Primeira turma de Hidrogênio Verde formada na Dom Bosco
O Hidrogênio Verde já é considerado o combustível do futuro, tanto que na Europa, principalmente na Alemanha está sendo usado para fugir da dependência do gás russo. Segundo Portella informou, a Alemanha disponibilizou verba para o governo brasileiro, mas não há nenhum projeto.
Graças a uma parceria entre o Zona Leste Somos Nós e a Obra Social Dom Bosco liderada pelo padre Rosalvino Moran Vinayo, foi formada a primeira turma de profissionais qualificados em trabalhar com hidrogênio verde. “É a primeira turma formada, fora de entidades estatais como Sesi e Senai , ou universidades públicas”, informou, citando ainda que o “combustível verde” está “tocando trem” na Alemanha e vai proporcionar empregos na Zona Leste.
Existem ainda 14 outros projetos que vão na direção de formar profissionais para atuarem na Zona Leste, onde moram e consomem.
Pólo Industrial de São Mateus
O gestor do Projeto Zona Leste Somos Nós destacou que o bairro de São Mateus tem um pólo industrial com 104 industrias, mas que não contrata pessoas da Zona Leste para cargos qualificados.
“Contrata para limpeza, para linha de produção mas não contratam técnicos e mão de obra especializada, eles pensam que não existem pessoas qualificadas na região, mas tem. Por exemplo existem cursos do Senai que estão com vagas em aberto e tem pessoas formadas que não trabalham nestas industrias. Estamos tentando fazer esta intermediação que é uma grande batalha”, explicou.
No Lajeado o ciclo vai ser fechado
Na bairro do Jardim Lajeado provavelmente estará o grande modelo que servirá de exemplo para todo o projeto, pois lá os moradores irão se formar e trabalhar vendendo os seus produtos em um centro comercial do bairro. Será o ciclo fechado: morar, trabalhar, gerar renda e consumir no próprio bairro.
Segundo Portella informou no bairro será construida uma nova estação da CPTM no Lajeado e em frente existe um terreno da CDHU onde será construído um conjunto habitacional com alguns diferenciais. “O presidente da CDHU, Reinaldo Iapequino. é de Guaianazes entende o problema e por este motivo assimilou a nossa proposta”, destacou.
Portella contou que o local vai ter um conjunto habitacional com um centro comercial anexado. Além disso haverá uma sala multi uso para curso de culinária em alta escala. “Os formados já começarão a trabalhar podendo vender os seus produtos no centro comercial anexo. Assim o ciclo se completa. A renda é gerada lá e fica lá, as pessoas que lá moram e irão lá trabalhar, não vão precisar do transporte”, comemora.
Carnaval como fonte de formação de renda
Voltando a Obra Social Dom Bosco, o gestor citou o curso de costura que lá é desenvolvido, mas que segue o modelo tradicional, mas a ideia é desenvolver costura especializada para o carnaval, para atender as agremiações da Zona Leste. “Estamos conectando ainda e além disso pretendemos criar com o padre Rosalvino um curso para montagem de carros alegóricos”, informou.
A ideia é formar um ponto de referência do carnaval de São Paulo na Dom Bosco e disse que a iniciativa deve estar já em pleno funcionamento durante o segundo semestre já com vistas ao Carnaval 2026
Copa CDHU de Futebol
Com previsão para o segundo semestre deste ano, o Zona Leste Somos Nós vai lançar a Copa CDHU de Futebol que será disputada entre os conjuntos habitacionais da estatal que ficam na região.
Um dos grandes entusiastas da iniciativa é o próprio presidente da CDHU, Reinaldo Iapequino, nascido em Guaianazes, onde tem familiares e como amante do futebol, pois chegou a jogar no lendário Botafogo de Guaianazes.
Iniciativa inovadora a competição deve englobar as categorias sub 20 e sub 17, masculino e feminino. Será a primeira competição envolvendo as conjuntos da CDHU e terá como foco principal dar oportunidades e revelar novos talentos.
Quem é José Luiz Portela
Engenheiro Civil, administrador de empresas, dourado pela USP em história econômica e completou recentemente o pós doutorado na Sociologia da USP. Ocupou vários cargos públicos, ainda jovem, com 30 anos foi secretário de Obras do governador Mário Covas , depois foi secretário especial do Covas e foi assessor especial do presidente Fernando Henrique Cardoso. Na gestão FHC foi secretário executivo do Ministério dos Esportes, quando coordenou e encaminhou o Estatuto do Torcedor.
Também foi secretário executivo do Ministério dos Transportes e por alguns períodos atuou como ministro interino de FHC . Escritor, está no segundo livro , sempre combatendo a desigualdade social através do desenvolvimento econômico
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