Barretos abre as porteiras para os caboclos e boiadeiros

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A COMAISP em cada nova cidade que passar, รฉ o estandarte dessa luta.
Barretos
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30/09/2024 – ย O sol ardente que despontava na colina nรฃo atrapalhou o entusiasmo das mais de 100 pessoas, que passaram na Casa AFRO nos dias 20 e 21 de setembro para prestigiar outro tipo de celebraรงรฃo: dessa vez a festa que ecoa dos terreiros, das rodas de capoeira e das danรงas de matriz africana.

Barretos

 

Barretos, onde o berrante anuncia a festa do peรฃo, naquele dia ganhou uma nova roupagem e harmonia. No local escolhido, foram entrelaรงados sons e histรณrias que brotam do chรฃo, mas de um chรฃo ancestral, negro e sagrado. Era como se a terra reconhecesse os passos daqueles que vieram antes, e nรณs, de mรฃos dadas com nossos ancestrais, caminhรกvamos firmes, deixando nossas pegadas de resistรชncia e pertencimento.Barretos

 

Naqueles dias, em Barretos, onde o chรฃo vermelho carrega as marcas do galope e o vento traz o cheiro da terra, as raรญzes africanas brotaram como flores antigas que nunca deixam de renascer. O som dos atabaques misturou-se com o som do berrante, trazendo consigo a espiritualidade, que hรก muito habita os coraรงรตes de quem รฉ marcado pela histรณria dos ancestrais. Dessa forma, entre cantos e rodas, a cultura se fez viva, traรงando um caminho que atravessa geraรงรตes, revivendo memรณrias como quem tece um manto sagrado.

 

“Nesse cenรกrio, ao som dos atabaques e do gingado da capoeira, o chรฃo batido de Barretos celebrou a heranรงa africana. Ali, em meio ร  ancestralidade, tive a honra de proferir a palestra โ€œRiqueza Descobertaโ€, exaltando a beleza e a forรงa de nossas identidades raciais. Falei sobre a importรขncia de nos reconhecermos nas raรญzes que nos moldaram, de honrar nossa histรณria como caminho para elevar nossa autoestima e fortalecer o senso de pertencimento.”

 

Mรฃe Silvyรก de Xangรด, com sua sabedoria que parecia fluir direto dos ancestrais, conduziu uma roda de conversa com o tema: โ€œSaรบde e Matriarcadoโ€, que emocionou os presentes, revisitando memรณrias de infรขncia, que fez encher de lรกgrimas os olhos de todos. Destacou a importรขncia dos chรกs, dos cuidados com os mais velhos e do matriarcado que, como uma รกrvore antiga, sustenta e guia nossas comunidades. Era como se, por um instante, o passado estivesse ali, vivo, nos observando e nos abenรงoando.

O Professor e Sacerdote Andrรฉ Aluize, com sua fala firme e precisa, trouxe para a mesa um tema urgente: Axรฉ no Mundo Digital. Colocou o dedo na ferida do preconceito religioso, lembrando-nos de nossa responsabilidade nas redes sociais. Ele nos convocou a combater o racismo nรฃo apenas com indignaรงรฃo, mas com educaรงรฃo, conhecimento e aรงรฃo. Pois, assim como as folhas sagradas nos protegem no fรญsico, o conhecimento nos blinda e fortalece no virtual.

A palestra “O Patrimรดnio Cultural Imaterial”, ministrada pela Professora Doutora Alessandra Ribeiro, foi um momento de imenso regozijo. Com sua sabedoria e conhecimento, ela destacou a importรขncia de preservar as tradiรงรตes e prรกticas culturais que carregam em si a identidade de um povo. Alessandra nos lembrou que o patrimรดnio imaterial, como as religiรตes de matrizes africanas, transcende o tempo e o espaรงo, mantendo viva a memรณria e a alma de nossas raรญzes ancestrais.

Ao final, um delicioso almoรงo e a festa Caboclo Boiadeiro de Barretos, coroaram o encontro. Dessa forma, o campo e o terreiro se tornaram um sรณ, celebrando a uniรฃo dos costumes que se entrelaรงam no grande e rico emaranhado das tradiรงรตes culturais brasileiras. Como uma roda que nunca se encerra, seguimos para as nossas casas, de mรฃos dadas com nossos ancestrais, reverenciando a nossa espiritualidade, a cultura e a luta pela preservaรงรฃo de nossas tradiรงรตes e memรณrias.

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